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Posts Tagged ‘Beto Cocenza’

Ligaram pra mim na semana passada oferecendo um convite para algumas palestras de designers. Seriam dois dias, das 8h às 13h.

“Huuuuum, vou, não vou? Às 8h????? Ninguém merece…”

Mas como eu sou muito curiosa, não resisti e aceitei.

O evento aconteceu essa semana – e valeu muitíssimo a pena!

Primeiramente: fiquei com o maior orgulho por a  minha cidade ser sede de um evento tão bacana. E fiquei triste ao sentir a falta de vários profissionais envolvidos na área e que não compareceram. Também fiquei muito preocupada: não conhecia ninguém do evento, exceto o Ruy Ohtake. Me senti mega ignorante; eu odeio quando isso acontece…

Bom, esse foi o segundo ano do evento por aqui – ele é “filho” do BOOMSPDESIGN, que já está em sua terceira edição.

O projeto foi idealizado por Beto Cocenza, rio-pretense!, que faz também “conexões” entre fabricantes e designers. Com sua ajuda, a ViaLight, empresa de iluminação de Rio Preto, produz aqui luminárias assinadas por Karim Rashid, que viajam o mundo e levam junto o nome da empresa e da cidade. Muito bacana, né?!

Enfim, o BOOMRIOPRETODESIGN trouxe várias pessoas importantes, não apenas para o Brasil, mas num cenário mundial. Designers de móveis, de objetos, de joias, arquitetos. Todos interessantíssimos e com muito a dizer. Inclusive sobre a questão design autoral/produto industrial e como eles conseguem ganhar dinheiro a partir de peças em série – “pensadas”, diferenciadas – para poder produzir suas peças autorais. É um ciclo – são chamados pelas indústrias pelo nome, reconhecido por meio do trabalho autoral, e podem fazer o trabalho autoral porque tiram sua renda do produto industrial. Parece óbvio, mas no meu curso de moda isso não era muito discutido e eu até recebia críticas por gostar e fazer um trabalho mais comercial.

Agora vamos lá! Vou contar um pouco dos palestrantes que eu mais gostei.

Elisa Stecca: artista, designer de objetos, joalheira


Já trabalhou com moda (como stylist), faz objetos de decoração, joias etc. Todo o seu trabalho “conversa”, tem muita coerência, identidade. Perguntada se moda, design, são arte, “não”. “Existe sim designer/estilista-artista, mas é uma questão de processo; não é só fazer o funcional, tem que ter poesia”!!!. Mas também que ‘”é importante estar no mercado, o produto precisa comunicar-se com o público – produto dentro do atelier não existe”. E que  “o dinheiro também é uma forma de admiração, um símbolo de aceitação do seu trabalho”.

Renata Moura: designer de objeto e móveis

Trabalhou muito tempo na Whirlpool, dona da Consul e da Brastemp. Foi ela que desenvolveu, depois de muita resistência, a Brastemp Retrô. Ok?

Sua palestra foi muito interessante; explicou produto a produto criado – todos muito “pensados”, cada aspecto é acompanhado de um porquê. Pessoa muito interessante, com o frescor de um jovem designer, o entusiasmo. Vale a pena dar uma olhada no seu trabalho.

Sérgio Fahrer: designer de mobiliário

Com uma história de cinema…

Trabalhou por 10 anos com aparelhos de som, até se cansar. Foi para Los Angeles cursar música pelo MIT. Chegando lá, precisava-se de alguém na luteria (arte de projetar e produzir objetos musicais personalizados). Suas costas doíam muito enquanto trabalhava e então ele desenvolveu uma cadeira mais confortável.

No MIT eram feitos vários shows de músicos famosos com alunos. Um belo dia, quem entra na luteria para afinar seus instrumentos??? Eric Clapton. É, ele mesmo. E ficou encantado com a cadeira produzida pelo Sérgio. Pediu uma. E o Sérgio, “não posso entregar qualquer coisa para ele; é o Eric Clapton!” Então comprou 1.500 palhetas, revestiu toda a cadeira e chamou-a de “The Blues Chair”. Em seguida, seu professor também quis uma e depois de um tempo entregou-lhe um  presente: havia inscrito seu móvel no maior concurso de design dos EUA na época, o qual ele ganhou.

E assim nasce um designer…

The Blues Chair

mesa Raíz Quadrada

Essa mesa aparece no Homem-Aranha 3!…

Slick Chair

…e essa vai estar em todos os showrooms da Ferrari!

Ruy Ohtake: dispensa apresentações, né?

É muito bom ouvir uma pessoa com tanta experiência falar. Fascinante…

E eu vi a planta do Unique, tá?!

Unique

Harry Allen: designer de móveis e objetos

New yorker; gostei logo de cara…

Começou sua carreira na Estée Lauder e ainda hoje desenvolve produtos para a indústria de cosméticos.

Pirei nas suas coisas. Série Reality? Quero tudo pra mim!!!!:

Pig

C'mere Hand Hook

Banana Bowl

Toda a série foi produzida a partir do objeto/animal/coisa real. É como um processo de fundição, tipo o que fazemos em joalheria, em que o produto final sai em silicone, material que reproduz fielmente o objeto original. Só não me perguntem como ele fez o gancho em formato de mão…

Interessante é da onde surgiu a idéia para a série. Sua avó lhe deixou um castiçal antigo, com o qual só tinha ligação emocional; estética, zero. O design era muito antigo então resolveu modernizá-lo com esse processo. Deve ter ficado mais ou menos assim:

Ele comentou que na faculdade se irritava muito com o Philippe Starck – só se falava nele – e que começou sua produção indo contra tudo o que poderia lembrá-lo. O engraçado é que achei seu trabalho super ligado ao do Starck. O mesmo humor, a mesma idéia de inusitado, o uso do branco…

E agora o melhor. Sabem o perfume Bang, do Marc Jacobs? Aquele sobre o qual eu fiz um post faz um tempo. Foi ele quem fez o design do frasco! Sim!!! E eu até fiz pergunta para o colega! Estou-me-achando…


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